Whitetopping, a nova forma de recuperar pavimentos asfálticos

Whitetopping
A nova forma de recuperar pavimentos asfálticos
Matéria do Engenheiro Civil Márcio Rocha Pitta - Coordenador do Comitê
Técnico 303 do Ibracon e Assessor Técnico da Presidência da ABCP

CUSTOS COMPETITIVOS

Com o custo do whitetopping ocorre a mesma surpresa com que se tem deparado no caso do pavimento tradicional de concreto: hoje em dia, essas opções tem competitividade não apenas quando se consideram os custos de manutenção, de operação, do usuário e custo anual equivalente, já que eles são atraentes mesmo no custo inicial. Em recente análise efetuada para importantíssima obra de pavimentação na capital de São Paulo, compararam-se duas estruturas de pavimento, uma flexível, conforme previsto no projeto e outra de whitetopping, em que este seria colocado sobre o pavimento antigo de asfalto devidamente fresado e teria espessura de 21cm. Os custos iniciais resultaram praticamente iguais, com ligeira vantagem para o whitetopping, cerca de 1,5% em relação ao custo da estrutura flexível (asfáltica) proposta.

Caso especial é o whitetopping ultradelgado, no qual a espessura mínima de concreto atinge inacreditáveis 35mm, chegando ao máximo de 100mm. A adoção desse tipo de pavimento rígido está condicionada a algumas exigências. O whitetopping ultradelgado requer sempre um concreto especial, do tipo de liberação rápida ao trafego (fast-track). A prática usual é empregar adições ao material, principalmente fibras de aço ou polipropileno. O pavimento antigo não pode apresentar defeitos estruturais que comprometam sua capacidade de carga. A superfície existente recebe, sempre, algum tipo de preparação prévia à colocação do concreto ultradelgado, como a escarificação ou fresagem e a aspersão de água antes da colocação do recapeamento; a aderência entre o pavimento asfáltico e o concreto é bem-vinda, por agregar poder estrutural ao conjunto. O whitetopping ultradelgado tem o aspecto superficial de um tabuleiro de xadrez, já que suas juntas são estreitamente espaçadas, de modo a garantir a transmissão de carga entre as placas formadas por elas.
O projetista deve cumprir uma regra prática quanto ao espaçamento entre as juntas, igual transversal e longitudinalmente: elas devem formar quadrados de 12cm a 18cm de lado por centímetro de espessura de concreto. Assim, um whitetopping ultradelgado com espessura de 7,5cm deverá ter entre 90cm e 135cm de espaçamento entre as juntas, nos dois sentidos.

A sequência das operações de construção desse tipo de pavimento começa com fresagem, limpeza e aspersão superficial de água, colocação do concreto, adensamento, acabamento, cura e abertura das juntas. Essas duas últimas ações requerem cuidados particulares. A cura deve ser feita por processo que garanta a aceleração do ganho inicial de resistência, sendo muito comum a cura térmica, assim como o aquecimento da água de mistura e dos agregados. Já a abertura das juntas transversais e longitudinais deverá ser feita por corte precoce do concreto - o chamado corte verde - de maneira a impedir o aparecimento de fissuras indesejáveis de retração volumétrica, propiciada pela pequena espessura de concreto..

Digno de menção, entre outros, é um pavimento construído em Memphis, no Tennessee, com 75mm de espessura, consumo de 363kg de cimento e 1,8kg de fibras de polipropileno por m³ de concreto. A estrutura ultradelgada foi liberada ao tráfego em 24h, tendo o concreto alcançado a resistência média à compressão simples de 17,5MPa após 18h da moldagem, estando hoje submetida a um tráfego de 50 mil veículos diários e com desempenho avaliado pela municipalidade como excelente.

Pode-se afirmar que os dois tipos de whitetopping constituem técnicas alternativas que vêm se juntar às soluções já disponíveis, ambas possibilitando ampliar a vida de serviço de qualquer tipo de pavimento asfáltico, independentemente da condição estrutural em que este se encontre.

Durabilidade, tecnologia do produto, técnicas modernas e simplificadas de construção e desempenho de longo prazo dão ao whitetopping competitividade não somente no ciclo de vida, mas no próprio custo inicial de construção.




 
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