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U N D A Ç Õ E S - ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA
MONITORADAS |
Equipamento para e execução
de Estacas Hélice Contínuas. |
Sistema
de estacas hélice contínua monitoradas aumentam
produtividade na execução de fundações
Introduzida
no Brasil em 1987, nos últimos três anos a
estaca hélice contínua tem se firmado no
mercado como uma
opção para
a execução de fundações profundas. Oferecendo
vantagens como maior produtividade, associada a
baixos índices de ruído e vibração, muitas
empresas estão buscando desenvolver a técnica,
atendendo a solicitações de várias
construtoras. "Hoje a hélice contínua
representa cerca de 70% do mercado", calcula
Daniel Rozenbaum, diretor da Fundacta,
escritório que desenvolve projetos e consultoria
de fundações. "A tendência é as
edificações exigirem cada vez mais pavimentos
no subsolo, aumentando a profundidade das
fundações e, conseqüentemente, a demanda por
novas tecnologias", diz Heitor Manrubia,
sócio-diretor da Geofix, empresa que executa
fundações.
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Pelo
método de hélices contínuas as estacas são
executadas in loco. Um trado helicoidal é
introduzido no terreno e, por meio de um torque
apropriado, com auxílio de dentes em sua
extremidade inferior, se inicia a escavação. O
equipamento conta com um tubo interno por onde o
concreto é injetado de maneira contínua e
ininterrupta, com pressão positiva. Depois, na
medida em que o trado é retirado e vai subindo,
simultaneamente o concreto vai sendo injetado,
evitando desconfinamento do solo. Após a
concretagem da estaca, pode-se introduzir
manualmente a armação. "A armação, em
forma de gaiola, deve ser feita com barras
grossas e estribo espiral soldado (ponteado) na
armadura longitudinal", explica o engenheiro
William Antunes, gerente técnico da Fundesp. No
caso de estacas mais profundas, a armação deve
ser colocada com o auxílio de um pilão
prolongado por um perfil metálico, ou de um
vibrador hidráulico. "Deve-se sempre armar
a cabeça das estacas para garantir a sua
integridade estrutural, pois na fase de
execução dos blocos são usadas escavadeiras
mecânicas que batem nas estacas durante a sua
operação, por mais cuidadoso que seja o
operador", alerta Antunes.
Para
controlar a pressão de bombeamento do concreto,
as máquinas que executam as estacas são dotadas
de um medidor digital, que controla dados como
inclinação da haste, profundidade de
perfuração, torque e velocidade de rotação da
hélice, pressão de injeção e consumo de
concreto. Normalmente de origem francesa, esses
equipamentos transmitem os dados coletados para
um computador que, dotado de um software
específico, emite relatórios. "A
monitoração eletrônica da execução das
estacas, se bem utilizada e interpretada, pode
ser uma ferramenta capaz de trazer
confiabilidade", explica ele. De acordo com
as empresas que executam este tipo de fundação,
uma das principais vantagens é a velocidade de
execução. Dependendo do diâmetro da hélice,
profundidade e resistência do terreno, é
possível executar até 600 m de estaca por dia.
A velocidade a aumenta a produtividade,
diminuindo o preço por m2. "Com a estaca
hélice só é necessário o trabalho de 4
homens, enquanto que nos outros casos se
necessita, em média, de 12 pessoas",
compara o engenheiro Heitor Manrubia, da Geofix.
"A redução de custos é de 10 a 18%",
afirma Daniel Rozenbaum. |
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A
versatilidade da hélice contínua é grande e
pode ser empregada em terrenos de arenosos a
coesivos, ser executada abaixo do nível dágua,
na presença ou não de lençol freático, exceto
na presença de rochas e matacões. A hélice
pode também atravessar solos resistentes com
índices de SPT (Standard Penetration Test) acima
de 50, o que possibilita transferir as cargas
para camadas mais resistentes, resultando em
capacidades de carga maiores, que podem chegar a
500 tf. Entretanto, explica Rozenbaum, em geral,
aconselha-se evitar terrenos excessivamente
moles, ou com SPT 0. Outras das vantagens da
estaca hélice são os baixos níveis de ruído e
vibrações e a ausência de descompressão o
terreno. Além disso, a perfuração com a
hélice não utiliza detritos poluidores como
lama bentonítica. "No Brasil, este é o
sistema tecnicamente mais confiável e que melhor
atende às normas de preservação do
meio-ambiente", diz Manrubia.
O método é
útil também na construção em zonas densamente
ocupadas, ou vizinhas de escolas, hospitais e
edifícios históricos. Isso ocorreu nas obras do
shopping Light, no centro de São Paulo, em que a
Fundacta recomendou no projeto o uso de hélices
contínuas. |
"Precisávamos
acelerar a etapa de fundações porque a obra
estava causando muito transtorno àquela
região", lembra Rozenbaum. "Lá, o
acesso dos caminhões era muito difícil e o
local é densamente construído. Com a hélice
contínua foi possível executar, em média, de
200 a 500 m diários por equipamento e minimizar
os transtornos", conta Antunes, da Fundesp.
"Por isso, essa tem sido a solução adotada
na maioria das obras industriais, comerciais e em
hipermercados, que têm a necessidade de faturar
o mais cedo possível", completa. Concreto
bombeável e área de trabalho resistente são
necessários
Um dos
aspectos a serem levados em conta é que o
concreto deve ser bombeável e normalmente
utilizase concreto bombeado de 18 ou 20 MPa, com
fator água/cimento entre 0,53 e 0,56. O concreto
deve ter slump entre 20 e 24 cm, esxudação
inferior a 1%, teor de ar incorporado inferior a
1,5% e consumo mínimo de cimento de 400 kg/m³,
além de agregados (areia e pedrisco). A
utilização de aditivos é facultativa e, como a
concretagem é feita sob pressão, aconselha-se
não executar uma estaca próxima à outra
recém-concluída, pois há o risco de ruptura do
solo. A distância mínima recomendada é de 2,5
vezes o diâmetro da estaca. O método requer o
uso de uma pá-carregadeira para remoção do
material escavado e uma central de concreto
próxima à obra, devido à alta produtividade.
Além disso, é necessário que a área de
trabalho seja ampla, de fácil movimentação e
resistente, por causa do porte dos equipamentos.
Em São Paulo, a experiência da Ricci
Engenharia, durante a construção dos primeiros
edifícios do Centro Empresarial Água Branca,
comprova isso. Como o terreno era formado por
aterro de entulho, era necessária escavação
profunda que, no entanto, fragilizou o terreno, a
ponto dele não suportar o peso da máquina de
estaca hélice, que chega a pesar 70 toneladas.
Por isso, a Ricci teve de executar uma sub-base
de geotêxtil, geoweb e areia, de 70 cm de
altura. Mas, segundo a Ricci, a adoção do
sistema permitiu que os prazos fossem cumpridos:
em apenas 20 dias foram executadas 400 estacas.
Quando foram
introduzidas no Brasil, em 1987, as hélices
tinham diâmetros de apenas 275, 350 e 425 mm e
comprimento de no máximo 15 m. Em 93, já
contava com diâmetros de 1.000 mm e comprimentos
de até 25 m. Mesmo com tal evolução, o tamanho
das estacas ainda é limitado.Os equipamentos
disponíveis atualmente no Brasil permitem a
execução de estacas de no máximo 24 metros de
comprimento e armação que pode atingir no
máximo cerca de 12 m de comprimento. Deve ser
feito um estudo de viabilidade econômica quando
se pretende utilizar o sistema. "Existe um
número mínimo de estacas que viabiliza o uso da
hélice, o que nem sempre tem relação direta
com o tamanho a obra", explica Rozenbaum.
Para ele, obras que utilizem menos de 40 estacas
tornam-se economicamente inviáveis. Em média,
as empresas de fundações cobram R$ 8 mil pela
mobilização do equipamento e R$ 51 o metro
escavado pela hélice de 70 cm de diâmetro. O
preço das máquinas é alto, em média US$ 800
mil, e, geralmente, são importadas da Itália e
da Espanha.
Método
racionalizado começou a ser utilizado nos EUA na
década de 50
De acordo
Antunes, da Fundesp, a estaca hélice contínua
começou a ser utilizada nos Estados Unidos na
década de 50. "Naquela época, os
equipamentos eram constituídos por guindastes e
torre acoplada, dotados de mesa perfuradora que
executava estacas nos diâmetros 275, 300 e 400
mm", conta. "Na Europa e no Japão, o
sistema chegou no início da década de 70 e,
apenas no final da década de 80, deixou e contar
com equipamentos adaptados, passando a utilizar
equipamentos construídos especificamente para
esse tipo de estaca". No Brasil, a estaca
hélice contínua foi introduzida em 1987. Para
Rozenbaum, da Fundacta, o aumento da procura pelo
sistema indica que as construtoras também estão
preocupadas com a produtividade e
racionalização das fundações - assim como as
outras etapas de uma obra. "Acreditamos na
industrialização das fundações, e estamos
certos de que as executoras também", diz.
Algumas
obras que empregaram estacas hélice contínua
monitorada
Shopping
Light - SP
Construtora Birmann, projeto de fundações
Fundacta. Para se transformar em um shopping, o
antigo prédio da Eletropaulo precisou passar por
uma profunda restauração. Em uma das esquinas
mais movimentadas da cidade, a obra exigiu
cuidados adicionais, já que o prédio foi
tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa
Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico
e Turístico do Estado de São Paulo). O terreno
formado de areia fina siltosa exigiu a execução
de cerca de 40 estacas na linha central dos
pilares, com aproximadamente 24m. "O sistema
de hélice contínua foi fundamental para
acelerar a produção das fundações, já que o
acesso dos caminhões de concreto era muito
difícil, complicando a logística", conta
Daniel Rozenbaum, da Fundacta. "Nessa obra,
conseguimos concluir as fundações em apenas 10
dias", continua.
Aeroporto
Internacional Salgado Filho - RS
Construtora Beter, projeto de fundações
Tecnosolo, estaca hélice contínua Geofix. As
instalações do aeroporto em Porto Alegre-RS
estão sendo ampliadas e modernizadas, para
atender ao aumento de passageiros, em virtude do
Mercosul. Com objetivo de acelerar as obras que
se iniciaram em 97 e que ainda estão em
conclusão, a construtora preferiu executar as
fundações com o sistema de estacas hélice
contínua monitoradas. Foram executadas 1.572
estacas, com comprimentos variando de 16 a 27 m e
diâmetro de 35, 40 e 60 cm. Com investimento
previsto de R$ 106 milhões, o novo Terminal de
Passageiros terá quatro pavimentos, com 37,6 mil
m2 de área construída. Terá capacidade para
receber simultaneamente até 28 aeronaves de
grande porte, com 10 pontes de embarque e
desembarque e 32 balcões de check in.
Fórum
Criminal de Recife - PE
Construtora Sergen, projeto de fundações
Nassar, estaca hélice contínua Geosonda. Em uma
obra marcada pela racionalidade, nas fundações
do Fórum Criminal de Recife foram executados
12.750 m de estacas hélice, com 40 cm, 50 cm e
60 cm de diâmetro e comprimento médio de 17 m.
De acordo com o vice-diretor da Geosonda, Clóvis
Salioni Jr, a velocidade de execução
proporcionada pelo sistema foi fundamental para a
viabilização da obra. Iniciada em outubro de 98
e concluída em maio deste ano, as fundações
consumiram apenas 2 meses. São cerca de 35 mil
m² de área construída, distribuídos em 5
pavimentos e um subsolo.
Por
Juliana Nakamura
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